quinta-feira, 5 de setembro de 2013

OmniFlow no 'Com Ciência'



Com a tecnologia Omniflow, Pedro Ruão pretende acabar com os constrangimentos dos atuais sistemas de microgeração eólica. O objetivo é que, em 2012, a sua invenção esteja no mercado global.

Pedro Ruão, 32 anos, sempre sentiu necessidade criar coisas novas. Até ao projeto Omniflow, todas as suas invenções ficavam arrumadas na gaveta. Não passavam de ideias. Com a participação no Prémio Inovação EDP Richard Bronson, a perspetiva mudou. "Senti-me realmente motivado", revela. No final de 2010, o seu projeto de energias renováveis foi distinguido com uma menção honrosa na 11.ª edição do Prémio do Jovem Empreendedor, promovido pela Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE). Com estas distinções, Pedro Ruão diz que se abrem mais portas, novos contactos e o projeto evolui com mais apoio. Quem sabe não encontra parcerias para a distribuição e promoção do dispositivo que inventou.

O projeto Omniflow pretende conceber um novo sistema de microgeração eólica (energia que provém do vento), que ultrapasse os constrangimentos dos produtos atualmente no mercado. Este dispositivo é uma estrutura imóvel, em forma de cúpula, que, devido às suas aberturas laterais e a uma grande exposição, direciona o vento a partir de qualquer direção (omnidirecional). O sistema adapta-se a vários ambientes e velocidades de circulação de ar, operando quer com vento turbulento quer com velocidades mais reduzidas. O objetivo é começar pela microgeração e evoluir posteriormente para o mercado de grande dimensão.

A ideia nasceu no âmbito do Prémio Inovação EDP Richard Branson. O dispositivo de geração de energia elétrica foi um dos três finalistas, apesar de se encontrar ainda num estado embrionário. "Neste momento, já foram executados e testados 
vários protótipos de pequena e grade escala em que os resultados mostram, claramente, um futuro promissor para a Omniflow", comenta o jovem licenciado em Engenharia dos Materiais, pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. "Na realidade, estamos na presença de uma turbina completamente diferente e inovadora, que não obedece ao mesmo balanço de massas que os dispositivos convencionais", acrescenta. Além de obter um rendimento superior, tem um funcionamento que o jovem afirma ser "notável" em ambientes difíceis como o urbano, onde existem vários fatores que impedem o correto funcionamento dos atuais dispositivos.
UE mais amiga do ambiente 
A tecnologia Omniflow pode ser aplicada em vários mercados. Pedro Ruão escolheu o da microgeração por apresentar um investimento inicial mais baixo e pelas perspetivas de crescimento apontadas pelas organizações internacionais, na ordem dos 40%. Entre as metas ambientais traçadas pela UE para 2020, destaca-se a redução das emissões dos gases causadores do efeito de estufa em 30% e o alcance de uma cota de 20% de energia proveniente de fontes renováveis, no consumo geral da comunidade.

Este sistema pode ser instalado em moradias e edifícios novos. Nos já existentes, o dispositivo é pré-fabricado em material compósito, transportado, desmontado em oito partes e montado no edifício. A estrutura tem um baixo impacto visual, confirmado pelo protótipo de três metros que foi instalado num edifício de sete andares em Vila Nova de Gaia. Nesta instalação, foi possível detetar uma emissão de ruído baixa, "dando muito boas indicações para o futuro". "No que diz respeito às grandes instalações, o mercado offshore [instalações no mar] é o mais atrativo a médio prazo, onde o dispositivo pode ser instalado apenas com recurso a flutuadores", diz. Assim, as fundações são mais fáceis de executar.

No primeiro ano de produção, a Omniflow pretende apostar na microgeração com potências até 10 quilowatt (unidade de medida), prevendo aumentar gradualmente esse valor. Para 2015, o objetivo é entrar no mercado de instalação de dispositivos de grande potência, como as instalações em terrenos montanhosos ou offshore. "Todo o projeto e processos associados implicam extrema delicadeza, dada a natureza da propriedade industrial, pelo que a divulgação da tecnologia ao grande público não será feita antes dum período de aproximadamente oito meses", comenta. Durante este tempo, o capital é aberto a investidores e a tecnologia otimizada, para que possa entra no mercado, à escala global, em 2012.